Palocci pede demissão e se volta para a Câmara, onde exercerá sua defesa
7/6/2011 18:21,
O ministro Antonio Palocci comunicou à presidenta Dilma Rousseff, em carta entregue na tarde desta terça-feira, o seu desligamento do cargo de ministro-chefe da Casa Civil. No documento, o ex-ministro afirma que a manifestação do Procurador Geral da República em seu favor confirma a legalidade e a retidão de suas atividades profissionais no período recente, tanto quanto a inexistência de qualquer fundamento, ainda que mínimo, nas alegações apresentadas sobre sua conduta. Tal fato o permitirá levar sua defesa ao Plenário da Câmara dos Deputados, Casa para a qual apresentará sua defesa , uma vez aceito o pedido de demissão por parte da presidenta.Palocci acredita, ainda que a continuidade do embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo. Diante disso, preferiu solicitar seu afastamento.
O nome mais provável para substituir o ex-ministro Palocci é a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), esposa do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
A crise
Na véspera, a presidente Dilma Rousseff e o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, já haviam acertado os termos de uma carta de demissão do ministro, mas a decisão final dependia do impacto do arquivamento do pedido de abertura de investigação na Procuradoria-Geral da República, revelou reportagem do Jornal Folha de S. Paulo.
A presidenta Dilma Rousseff ainda discutia, nos bastidores, a permanência do ministro no cargo. Ao mesmo tempo em que se mostrou aliviada pela decisão ter afastado questionamentos jurídicos, a presidenta discutia com auxiliares a manutençã do ministro no cargo. Em nota divulgada à noite, Palocci demonstrou a intenção de permanecer no governo.
“Entreguei à Procuradoria Geral da República todos os documentos relativos à empresa Projeto. Espero que esta decisão recoloque o embate político nos termos da razão”, disse o ministro na nota. Palocci ganhou uma sobrevida no cargo, embora interlocutores da presidente avaliem como mais provável a saída do ministro
Nesta segunda-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu não investigar o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, pelo aumento de seu patrimônio quando dirigia a consultoria Projeto.
O ministro, pressionado a explicar um salto de 20 vezes em seu patrimônio, enviou esclarecimentos à PGR, que avaliava se abriria ou não uma investigação após receber pedido de partidos da oposição. A Projeto faturou cerca de 20 milhões de reais apenas em 2010.
Em nota, Palocci disse esperar que “esta decisão recoloque o embate político nos termos da razão, do equilíbrio e da Justiça”. Segundo uma fonte do governo, a presidente Dilma Rousseff já foi informada da decisão do procurador Roberto Gurgel.
Em sua decisão, Gurgel explica que a partir da análise das reportagens publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo no mês passado e das informações prestadas por Palocci não é possível concluir que a renda do ministro tenha sido constituída a partir da prática de delitos.
Segundo o procurador-geral, também não há indícios de tráfico de influência nem que o ministro tenha usado do mandato de deputado federal (de 2006-2010) “para beneficiar eventuais clientes de sua empresa perante a administração pública”.
O arquivamento do pedido de investigação pode dar novo ânimo a aliados do governo no Congresso, o que ajudaria a barrar sua convocação para prestar explicações na Comissão de Agricultura na Câmara dos Deputados.
Uma decisão sobre seu comparecimento à Câmara será anunciada na terça-feira pelo presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), que avalia recurso que pede o cancelamento da convocação do chefe da Casa Civil.
Desde o final de semana, aliados importantes demonstraram insatisfação com as explicações do ministro e com a demora da presidente Dilma Rousseff em decidir seu futuro no governo.
A Força Sindical, comandada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), divulgou nota, antes da decisão da PGR, dizendo que o “imediato afastamento do ministro só trará benefícios para o país”.
O partido aliado PCdoB reuniu seu Comitê Central nesta segunda e pediu, por meio de uma nota, que a presidente Dilma tome uma decisão rápida sobre o futuro do seu principal auxiliar.
– O anseio dos partidos que apoiam a presidente é que ela resolva essa questão. Ele é um ministro pivô do governo, é da cúpula –, disse o presidente da legenda, Renato Rabelo.
Contudo, Rabelo evitou comentar qual a saída para Palocci.
– É difícil a gente se meter. Certo é que precisa ser resolvido logo, isso tem consequências na autoridade da presidente, como diz a nossa nota –, afirmou.
Para o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, as explicações, por meio das entrevistas concedidas pelo ministro na sexta-feira, demoraram.
– O Brasil é muito maior do que qualquer ministro. A pauta deve ser outra, e o Brasil precisa seguir em frente – disse Campos no final de semana
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